What’s a cliche? Traçar um paralelo ou mesmo uma linha reta entre os hábitos de duas gerações separadas por mais de cinco anos sem parecer um coroa da geração Elvis não morreu ou 1968 ainda não acabou não é das tarefas mais confortáveis. Digamos que é quase como competir contra o Michael Phelps, mas a ousadia inerente a este escriba o impulsiona a encarar esse desafio.
Toda relação afetiva tem como essência a comunicação: através da comunicação ela começa, com comunicação ela se desenvolve (que o digam aqueles que adoram uma DR) e sem comunicação ela se esvai.
Talvez esse seja o ponto de divergência entre os meus 20 e poucos anos e os 20 pouco de hoje: você precisava ser artista na arte do xaveco. Como dar uma cantada eficaz sem poder mandar um torpedo pro celular ou um depoimento no Orkut? Sem falar que não eram tão comuns as imensas caixas de email, e nem tão vitais os endereços de MSN. A compressão de dados e ampliação das memórias digitais revolucionou não só a vida econômica, mas gerou um sem número de possibilidades de sedução eletrônica.
Quantos disparates (você não sabe o que é?) caberiam num pen drive de 16GB? Quantos Ctrl-C Ctrl-v não teríamos utilizado para explicitar aquele tradicional eu te adoro do pós-fica, ou, se preferirem, do pré-namoro?
Quem nesse último mês rabiscou um “eu te amo” mesmo em um guardanapo de botequim…? Quem nessa tarde mandou um emoticon colorido cheio de coraçõezinhos e luzes brilhantes? O “um beijo” do final dos bilhetes em papel de carta virou um “bj” antes de clicar esc.
Até na estabilidade das relações a tecnologia influiu. Quem hoje suporta namorar sem o celular, sem dar o velho telefonema pra dizer que sentiu saudade, quando no íntimo a grande dúvida era: “Onde você está? A que horas você vem?” Pra tornar tudo mais complexo, vem aí a tecnologia 3G: fim do mistério, fim da privacidade? Ou apenas mais uma maneira de expressar o amor que sentimos?
Das cantadas ao pé do ouvido no intervalo das aulas aos scraps, das cartas aos emails, das caixas coloridas cheias de papéis rabiscados ao memory card do seu celular… Fã da poesia Gessingeriana que sou, gostaria muito de vê-lo divagar sobre essas mudanças.
Quase não existem mais porta-retratos no criado mudo (aliás, com apartamentos cada vez menores, nem criado mudo existe mais). Existem apenas fotos no blog ou no Facebook. Telefone de casa? Muitas vezes nem nós mesmos nos lembramos dos nossos… Tudo pelo celular, às vezes, por mais de um deles, afinal com tantas possibilidades de paquera, precisamos ter mais de um chip.
E as provas de amor? Antes era usar um colar com a letra dela, ou mandar flores ou contar mês de namoro… Hoje não há prova de amor maior que colocar “namorando” no perfil do Orkut.
E assim caminhamos nos comunicando com modernidade, mas amando à moda antiga.
texto originalmente publicado do site Bem Resolvida: www.bemresolvida.com.br
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
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